Colombiatex – Fevereiro – Costura Perfeita (Brasil)

COLOMBIATEX 2020

Sustentabilidade ambiental como pilar de crescimento aos negócios – de agora e do futuro – deu o acorde da última edição da maior feira têxtil da América Latina

Dias antes de o mundo dar uma reviravolta pela descoberta e espalhamento do novo coronavírus, aconteceu a 32ª edição da Colombiatex, maior feira têxtil da América Latina, reunindo empresas e visitantes de 33 países, entre os dias 21 e 23 de janeiro, no Plaza Mayor, em Medellín. Segundo dados auditados pelo Invamer e divulgados pelo Inexmoda, instituto responsável pela feira, foram fechados US$ 753 milhões em negócios nesta edição, sendo 56% durante a feira e 44% engatilhados para o decorrer do ano. As categorias que mais impulsionaram essa movimentação foram a de têxteis (43%), maquinários (12%), insumos químicos (11%), full package (8%) e fibras têxteis (6%), com um tíquete médio de compras 71% superior ao da edição passada.

Vale ainda ressaltar que, além dos negócios gerados dentro do Plaza Mayor, como reflexo da Colombiatex, houve o impacto para a cidade, com uma ocupação hoteleira de 91%, injetando cerca de US$ 9,4 milhões na economia de Medellín. Esses dados de impactos diretos e indiretos para a economia local serão inseridos no balanço da feira a partir da edição de 2021, marcada para 26 a 28 de janeiro, conforme revelou o presidente do Inexmoda, Carlos Eduardo Botero, durante a coletiva de encerramento do evento.

Outro ponto destacado por ele foi o da importância dos acordos comerciais e citou o exemplo do ACE-72, acordo de complementação econômica para o livre-comércio entre Colômbia e Mercosul, que foi assinado em dezembro de 2017, mas passou a valer, efetivamente, no início de 2018.

“Se compararmos os números de exportação do Brasil para a Colômbia entre 2018 e 2019, eles cresceram 49%; na parte de maquinário têxtil do Brasil para a Colômbia, houve um aumento de 39%”, afirmou Botero durante a coletiva. Segundo dados do Texbrasil, programa de incentivo às exportações têxteis brasileiras feito entre a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) e a Apex-Brasil, em 2018 nosso país exportou à Colômbia US$ 44 milhões (destaque para a fibra de algodão), e importou deles cerca de US$ 38 milhões em produtos têxteis e afins. Depois de China (46%), Índia (13%), Estados Unidos (7,5%), México (4,9%) e Peru (3,2%), o Brasil é o sexto maior fornecedor de produtos têxteis para a Colômbia. Já as exportações da Colômbia ao Brasil durante o ano de 2019 foram de  US$ 35 milhões, um incremento de 9,2% segundo a ProColombia.

De acordo com a entidade governamental que regulamenta o comércio exterior e os investimentos no país, os itens que mais cresceram nas exportações têxteis daquele país ao mercado brasileiro de 2018 para 2019 foram camisas (60,2%); tecidos (38,9%) e fios (9,5%). Já as fibras tiveram uma queda de 19,5% no mesmo período. “A Colômbia é atualmente o terceiro parceiro comercial mais importante para o Brasil na América Latina, com um processo de crescimento significativo.

Com a tarifa zero, a tendência é que essa relação se estreite ainda mais. Isso se reflete na participação das empresas brasileiras na Colombiatex, que em 2020 fecharam 30% a mais de negócios que no ano anterior, que foi de US$ 6,7 milhões”, celebra Lilian Kadissi, gerente-executiva do Texbrasil. Nesta edição da feira, o programa levou uma delegação com 32 empresas, além de outros oito expositores do setor de maquinário com apoio do Brazil Machinery Solutions (BMS), parceria realizada entre as entidades Abit e Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) e quatro expositores da Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), por meio do By Brasil Components, Machinery and Chemicals, totalizando 44 empresas brasileiras.

Segundo Lilian, essas empresas que participaram sob a chancela do Texbrasil fizeram cerca de 3.500 novos contatos com visitantes e compradores de 17 países, especialmente da América Latina, Europa e Ásia. O saldo comercial foi de  US$ 8,297 milhões durante a feira e perspectivas de mais de US$ 60,560 milhões ao longo dos 12 meses seguintes. “A Colombiatex é o maior evento do setor têxtil da América Latina e a participação do Brasil é imprescindível. Essa foi a maior delegação brasileira do evento até hoje, e o saldo foi positivo. As marcas ficaram satisfeitas com os negócios realizados e ainda puderam identificar novos mercados em países que não estavam no seu radar antes da feira”, conclui.

Na área de maquinário, capitaneada pelo BMS, as cifras foram de US$ 2,8 milhões em negócios, sendo US$ 669 mil fechados durante a Colombiatex e mais US$ 2,2 milhões engatilhados para os 12 meses subsequentes. Os visitantes que mais marcaram presença às empresas do programa BMS – entre elas Audaces, Castilho Máquinas Têxteis, Censi Máquinas, Comelato Roncato, Delta Equipamentos, Inarmeg, Orizio e SocioTec – eram de Colômbia, Equador, Guatemala, México, Peru e República Dominicana.

“O Brasil é referência no setor de máquinas e acessórios para a indústria têxtil e de confecção na América Latina. Trabalhamos duro em inovação, principalmente em tecnologias que aprimoram as máquinas e os equipamentos voltados ao setor. Prova disso é o resultado expressivo das negociações durante a Colombiatex”, diz a diretora-executiva do mercado externo da Abimaq e gerente do BMS, Patrícia Gomes, que ainda destaca o fluxo comercial de maquinários têxteis entre Brasil e Colômbia como bastante positivo, mesmo o país figurando em 11.º lugar no ranking de destinos de exportação de máquinas e equipamentos têxteis brasileiros.

Em 2019, o Brasil vendeu para a Colômbia US$ 1,3 milhão nesse quesito, representando um aumento de 39% em relação às exportações brasileiras dos mesmos produtos em 2018, quando a Colômbia comprou do Brasil US$ 987 mil, de acordo com a Abimaq.

MERCADO GRÁFICO

Esta foi mais uma das novidades da Colombiatex 2020, uma área dedicada ao mercado gráfico, em que 25 designers de estampas também puderam expor e oferecer seus serviços na área, seja para têxteis de vestuário, decoração e lar. O projeto foi criado pelo Inexmoda na Artextil, empresa colombiana de tecidos e serviços de estamparia.

Para mostrar a importância e alguns exemplos de sustentabilidade ambiental na indústria têxtil e de confecção, o Inexmoda idealizou para esta edição da Colombiatex a Rota da Sustentabilidade Ambiental, onde foram mapeados 57 expositores (55% colombianos, 27% brasileiros e 7% espanhóis), que vêm adotando essas práticas responsáveis em sua cadeia produtiva há algum tempo, como o controle de emissão de poluentes e tratamento da água, reciclagem, economia circular, tecnologias mais ecológicas, entre outras, servindo de exemplo àquelas que ainda estão tentando se adaptar.

O start foi dado pela primeira-dama e gestora social de Medellín, Diana Osorio, pessoalmente empenhada em adotar e fortalecer essas práticas na política urbana da cidade. Anunciou ainda que o prefeito, Daniel Quintero, fez o aporte de US$ 1 milhão para que o Plano de Desenvolvimento de Medellín contemple temas de inovação, pesquisas e execução de políticas sociais destinadas à indústria têxtil e de moda, com a qual se podem desenvolver projetos de tecnologia e sustentabilidade. O prefeito ainda quer tornar Medellín, capital de Antioquia, num “Vale de Software”, incorporando novas tecnologias em 100% dos colégios públicos, o que impactará de alguma forma na preparação dos jovens ao mercado de trabalho futuro, seja em empresas do setor da moda, seja nos demais.