Apex-Brasil aponta as principais características do mercado de moda japonês

10/02/2015

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Entre os dias 22 e 31 de outubro de 2014, a equipe da Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) realizou uma missão de prospecção e conhecimento de mercado em Toquio, no Japão, para mapear o perfil dos consumidores e seus hábitos de compra. Em conversa com importadores, distribuidores, escolas de moda e imprensa, a agência identificou os principais nichos abertos aos brasileiros e o cenário atual de varejo no mercado de moda japonês. Os analistas de negócios internacionais Clara Santos e Cesar Moreira apresentaram os resultados dessa pesquisa hoje (10.02) na sede da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil), em São Paulo. Acompanhe abaixo os principais tópicos discutidos durante a palestra:

  • A faixa etária com maior poder aquisitivo e nível de consumo é a acima de 65 anos, correspondente a 1/3 da população. Os jovens de 20 a 25 ainda estão se estabelecendo no mercado e não possuem um poder de compra tão alto quanto as gerações mais velhas.
  • Os principais bairros da capital voltados para o vestuário são Harajuku, Mitsukoshi Ginza e Shibuya 109. O consumo médio de um japonês é de 10 a 20 peças de roupa por estação. As lojas fast fashion possibilitam que esse número aumente, uma vez que as roupas são mais baratas.
  • O tamanho médio da mulher japonesa vai do PP até o M, algo que causa muito problema para quem exporta de um país como o Brasil, que tem mulheres com corpos maiores e mais curvilíneos. É necessário que haja um ajuste de tamanho das peças.
  • Os itens brasileiros que mais fazem sucesso no país são os calçados, chinelos, comésticos e a moda praia. As japonesas gostam de biquínis que formam conjuntos com outras peças, unidos por estampas coloridas e modelagens um pouco mais largas. Durante o verão, as pessoas frequentam as praias de Izú, Shirahama, Okinawa e Kamakura. Hotéis de alta categoria, por sua vez, disponibilizam suas piscinas para não-hóspedes por um preço fixo.
  • Poucos sabem, mas o Japão tem muita estima pelo Brasil e seu povo. As estampas, as cores, o design e o Brazilian lifestyle fazem sucesso com o consumidor nipônico, que gosta de saber a história de um produto, seu conceito e seus materiais.
  • Quem deseja exportar para o país deve estar preparado para a exigência dos consumidores, que estão sempre atentos à equação preço x qualidade, e um dos aspectos que os produtos brasileiros precisam melhorar para conquistar mais mercado é a qualidade. Acabamento, costuras, zíperes e tamanho estão entre as principais reclamações dos japoneses.
  • Uma vez que você estipula um preço para seu produto, dificilmente conseguirá aumentá-lo. Aconselha-se um profundo estudo de mercado para evitar prejuízos, já que a possibilidade de uma alta demanda não permitirá que você encareça seu produto, porque os japoneses não vão consumir. Lá, todos os preços são tabelados.
  • A parceria com distribuidores locais é a porta de entrada. São eles que vão negociar sua marca com grandes lojas de departamentos (que vale dizer que só vendem pro consignação) e varejistas, além de ficarem responsáveis por entregas, estoque e logística. Disponibilidade de atendimento é fundamental, mesmo com o fuso horário e a distância, e distribuidores facilitam o processo.
  • Os principais concorrentes do Brasil são a Austrália, a Itália e os Estados Unidos, com produtos muitas vezes de menor custo, por terem sido confeccionados em locais mais baratos.

Entre as principais ações realizada pela Apex-Brasil em parceria com companhias japonesas nos últimos anos, destacam-se a vinda da compradora de alimentos Sogo & Seibu, o convite a importadores de sete países para o evento Casa Brasil, no Rio Grande do Sul, e a vinda de nove compradores do Isetan Mitsukoshi, o maior grupo de varejo do Japão. Para este ano, o Texbrasil (Programa de Internacionalização da Indústria da Moda Brasileira, desenvolvido pela Abit em parceria com a Apex-Brasil) planeja o Bunka Fashion College Training, um programa de formação customizado às empresas do setor têxtil com foco na inovação em design e negócios internacionais, que ocorrerá em maio.

 

Apex-Brasil, Japão