Em live promovida pelo Texbrasil, especialistas destacam mudanças no varejo após a pandemia
Na última terça-feira (09/06) o Texbrasil (Programa de Internacionalização da Indústria Têxtil e de Moda Brasileira) – resultado de uma parceria entre a Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção) e a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) – , reuniu especialistas de varejo internacional live.
Com o objetivo de analisar as perspectivas futuras e entender as próximas tendências do varejo, o evento, apresentado pela gerente executiva do Texbrasil, Lilian Kaddissi, contou com a participação de Jorge Martin, analista global responsável pelo setor de moda da Euromonitor, Andrea Selvi, gerente de compras de moda masculina da Luisaviaroma (Itália); Loree Lash-Valencia, VP de vendas para América do Norte da Joor (Estados Unidos), e Guatteri Gian Marco, diretor da Brazilian Bikini Shop (França).
A live começou com uma apresentação da Euromonitor sobre o cenário atual do varejo mundial durante a pandemia. Jorge apontou um declínio de receita entre 12% e 22%, com um período de recuperação de um a cinco anos.
Mesmo com números negativos, o especialista vê oportunidades em algumas áreas. Pesquisas relacionadas a peças de moletom, roupas confortáveis e homewear tiveram um aumento considerável no período, e podem ser uma tendência em alta para as marcas nos próximos meses.
Sustentabilidade
Um dos destaques da conversa foi o tema “sustentabilidade”, muito comentado nos últimos tempos. Para Jorge, o hábito de compra das pessoas vai mudar, já que, após um longo período em casa, elas devem diminuir a periodicidade de compras. Com isso, porém, a pressão financeira das marcas aumenta. O especialista vê como necessário que as empresas façam investimentos para serem sustentáveis, e com a baixa nas vendas, isso pode nãos ser prioridade.
Já Loree acredita que a tecnologia pode ser uma grande aliada na sustentabilidade. Para ela, o uso de uma plataforma online de marketplaces, como a Joor, pode ter impacto significativo e direto na emissão de carbono, já que evitaria viagens.
Para Gian, cujo perfil da empresa é voltado para moda praia, é mais difícil ser sustentável, já que o material utilizado nos biquínis é sintético. Isso não significa que ele não está atento às demandas por sustentabilidade.
De acordo com o executivo, a Brazilian Bikini Shop trabalha com as marcas para excluir o plástico de todos os itens que acompanham a peça de biquíni, como a embalagem, proteção higiênica e até mesmo as etiquetas. Além disso, ele diz que as empresas devem se comprometer com ações sociais de apoio ao meio ambiente. Com sede na França, a BBS revende mais de 100 marcas de biquíni brasileiras na Europa e outros países.
Oportunidades
Outro tema de destaque foi a mudança na forma como as pessoas consomem. Com isso, novos conceitos serão levados em consideração. Andrea destaca que, para que uma marca chame atenção da multimarcas Luisaviaroma, ela precisará se dedicar ao storytelling e seu propósito. “Meu conselho é que as marcas que têm uma história por trás se darão melhor”, comenta.
Ele também acredita que as marcas devem se dedicar a ferramentas que ajudem a divulgar suas peças, principalmente o Instagram. Gian compartilha do pensamento: “Esse ano vão ter que investir em tudo o que for digital”, comenta o diretor. Isso inclui dedicação ao marketing da grife, investindo em fotos que passem a mensagem da sua história e do seu propósito.
O futuro é digital
Outro destaque da conversa foi o crescimento acelerado do e-commerce. Em uma apresentação, Jorge Martin mostrou que, ao contrário dos pontos físicos, as empresas com operações de sucesso on-line tiveram aumento de vendas durante a pandemia.
Em pesquisa realizada pelo Euromonitor, 40% das empresas consultadas apresentaram crescimento de vendas entre fevereiro e março em relação ao ano passado.
Os dados estão alinhados com a Luisaviaroma. Andrea Selvi afirmou que no período entre março e abril deste ano, a multimarca apresentou crescimento de 25% nas vendas em relação a 2019.
Quanto ao futuro do varejo? Todos concordam que deve ser online. Para Loree, o varejo significa novas experiências, e a ascensão dos meios digitais está alinhada com esse conceito.
Em um período tão difícil quanto o atual, Jorge Martin acredita que podemos tirar algumas lições do momento: a primeira é que nada será como antes. E a segunda é que colaboração é melhor do que competição.
Sobre o Texbrasil
O Programa de Internacionalização da Indústria Têxtil e de Moda Brasileira (Texbrasil) atua junto às empresas do setor têxtil e de confecção no desenvolvimento de estratégias para conquistar o mercado global. Ao longo de quase 20 anos, já auxiliou cerca de 1500 marcas a entrar na trilha da exportação, realizando USD 3,6 bilhões em negócios. O Programa é realizado por meio de uma parceria entre a Abit e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).
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