Empresários brasileiros realizam missão de inovação pelo Vale do Silício

Executivos da Santista, Cedro, Têxtil Farbe, Audaces, Moovexx, Dellas Lingerie, Bia Brazil e Rhodia começaram a agenda de benchmarking da Missão Texbrasil de Inovação EUA, em São Francisco, na Califórnia, na última segunda-feira, 10. O objetivo dessa etapa da viagem foi entender as profundas mudanças pelas quais passam as empresas do Vale do Silício. “Missões como essa apresentam novas visões de negócios e processos de gestão, além de experiências que ajudam as empresas brasileiras a seguirem pelo caminho da inovação”, disse Fernanda Backer, da Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos, que mantém o Texbrasil juntamente com a Abit).

A agenda incluiu um encontro com o fundador do aplicativo Satomi, uma tecnologia de geração de estampas via algoritmo, Reinaldo Normand. “As empresas do Vale do Silício começaram a direcionar os seus negócios para segmentos diferentes da tecnologia. Fatalmente, alguma inovação já está sendo preparada e, mais cedo ou mais tarde, vai afetar as empresas do ramo têxtil em todo o mundo. Esse processo é real em outros setores e empresas como Google e Facebook, entre outras, contam com uma saúde financeira excepcional que permite direcionar investimentos para áreas nunca antes imaginadas”, comentou.

Os executivos brasileiros puderam conhecer o trabalho do Instituto Cradle to Cradle, organização sem fins lucrativos que concede um certificado especial de qualidade para produtos. “Não adianta ser menos mal. Uma empresa tem que ser boa. Eliminamos o conceito da perda, pois entendemos que os ciclos de aproveitamento do produto e materiais devem ser contínuos para evoluir. É um processo que leva tempo, mas a empresa sabe que lá na frente a sua atuação estará em um outro nível de interação com a sociedade, trabalhando matérias-primas seguras para os serem humanos e para o meio ambiente”, disse Bridgett Luther.

A terça-feira começou com a visita dos executivos brasileiros à Singularity University, que oferece programas educacionais, parcerias inovadoras e um acelerador de arranque para ajudar as pessoas, empresas, instituições, investidores, ONGs e governos a compreenderem as inovações e tecnologias de ponta, capazes de impactar a vida de bilhões de pessoas. “Só faz sentido estudar a tecnologia se a sua aplicabilidade realmente promover melhorias para toda a humanidade. Um projeto é muito bem-vindo quando ele é capaz de mudar positivamente a vida de 1 bilhão de pessoas ou mais”, disse a porta-voz da instituição de ensino Ann Rogan.

No dia 12, os executivos visitaram a IDEO, uma empresa global de design com uma abordagem centrada no ser humano para promover projetos inovadores. O brasileiro Belmer Negrillo, que comanda a empresa, apresentou cases de sucesso focados em design thinking, considerada a capacidade para combinar empatia em um contexto de um problema. “A nossa medida de sucesso é o impacto positivo no mundo e não só no negócio do cliente. Temos um processo de preparação muito importante para evitarmos a realização de projetos superficiais”, disse.

Os profissionais brasileiros aprovaram a viagem e disseram que ela foi muito importante para entenderem um pouco o tema da inovação sob a perspectiva dos principais players globais. “Ninguém aqui está falando de processo, de eficiência de fábrica ou produtividade. As empresas aqui estão com esses temas absolutamente resolvidos e dão ênfase para as questões reais de inovação e sustentabilidade. Há um equilíbrio nessa distribuição de esforços”, disse Marco Antônio Branquinho Jr., presidente da Cedro.

“Esse tipo de modelo de aprendizado, como a missão, que literalmente arranca as pessoas de sua realidade e as coloca juntas em uma viagem de inspiração, enriquece a qualidade das trocas”, comentou Rodrigo Cabral, da Audaces. Para Fabrício Tardin, da Dellas Lingerie, os encontros foram transformadores.  “Nessas duas últimas semanas, temos observado o uso intenso da tecnologia, mas acredito que o principal, de fato, é o ser humano. Porque só ele pode pensar, repensar, questionar o que existe, tentando sempre coisas novas e diferentes, pois é assim que deve ser a inovação. Encorajar pessoas a não ter medo de tentar, por que são as pequenas ações que podem alcançar grandes impactos positivos na sociedade”, finalizou.