Fórum internacional discute quais serão os tecidos do futuro
Uma válvula para o coração feita de tecido; uma roupa que repele tubarões; edifícios erguidos com cimento e fibras têxteis; fios que são mais fortes que o aço; tecidos que se iluminam por estática. Até a alta costura está ficando tecnológica. A imagem de tecidos naturais feitos em teares e roupas costuradas uma a uma pode estar ficando para trás. Com palestrantes do Brasil, Portugal, França, Estados Unidos e Alemanha, o Brasil realizou pela primeira vez um evento que mostrou todas as potencialidades da cadeia têxtil, desde as fibras inusitadas, passando pelos tecidos inteligentes utilizados em vários setores da economia, até chegar às roupas funcionais que serão um novo divisor na moda.
O Fórum Internacional de Inovação Têxtil: Presente e Futuro, que foi realizado dias 8 e 9 de abril, no auditório do Senai/Cetiqt no Rio de Janeiro, promovido pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) por intermédio do Programa de Internacionalização da Indústria da Moda Brasileira (Texbrasil) em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), juntamente com o Centro Tecnológico de Portugal (Citeve), a Associação dos Produtores de Fibras Artificiais e Sintéticas (Abrafas), a Associação Selectiva Moda (ASM) e a Associação Têxtil de Portugal (ATP). Além das muitas palestras, o evento contou com uma exposição de alguns produtos tecnológicos que já estão no mercado e outros que são protótipos, mas logo estarão sendo produzidos em escala.
“O Fórum foi um sucesso. Todos ficaram muito impactados com as possibilidades que estão se abrindo para os têxteis técnicos e para os não tecidos. Hoje, empresários que querem agregar valor em seus produtos precisam inovar, não apenas em design, mas em tecnologia também. E tivemos uma ampla visão do que os demais players do mundo estão pesquisando em nosso setor. Os profissionais brasileiros viram coisas incríveis que foram apresentadas”, declara Rafael Cervone, presidente da Abit.
O Brasil, no entanto, também mostrou que está fazendo pesquisas e produzindo produtos que já estão no mercado. A USP apresentou as possibilidades da fibra e do bagaço de cana-de-açúcar para a área médica, em composição com fibras de quitosana também sintetizadas no laboratório. A Cedro Têxtil mostrou sua linha de uniformes de alta proteção (EPIs) e os testes que são realizados na Inglaterra a cada 100 metros de tecido produzido. A Rhodia explicou que a utilização do Fio Emana também só cresce, saindo dos esportes e entrando também na “moda cosmética”. Outras grandes empresas brasileiras, como Dupont, Dini Têxtil, Grupo Inbra, Invista, Malwee, Golden Química e Rosset também apresentaram inovações tecnológicas.
Muito se falou, muito se mostrou e muito ainda deve ser discutido. E é por isso que o Fórum terá uma nova edição em 2015, provavelmente em São Paulo. “Precisamos apresentar e incentivar cada vez mais os empresários brasileiros a incorporar o conceito de inovação, que não se resume à questão tecnológica, ao design, ou à produção dos produtos. Mas, toda uma nova visão de gestão sustentável econômica, social e ambientalmente falando. Esses têxteis tecnológicos precisam de investimento, tempo para testes, eficácia na produção mais limpa e, portanto, um planejamento visando o futuro”, resume Cervone.
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