Indústria têxtil chinesa passa por reestruturação

17/05/2018

A indústria têxtil chinesa está atravessando uma dolorosa reestruturação industrial, revela o South China Morning Post. Em valor, a cota de mercado da China na indústria têxtil e vestuário caiu de 38,6%, em 2015, para 35,8% em 2016, com a tendência de queda verificada nas principais regiões importadoras de vestuário, como EUA, União Europeia e Japão.

De acordo com a Organização Mundial do Comércio (OMC), as exportações de têxteis e vestuário chinesas também caíram drasticamente: de cerca de 236 bilhões de dólares — em 2014 —  para 206 bilhões de dólares em 2016.

Dados da alfândega chinesa mostraram que as exportações de vestuário e acessórios caíram 0,4% no ano passado, em relação a 2016, enquanto as exportações de têxteis registaram um crescimento de 4,5%.

Por outro lado, na China, os custos com a mão-de-obra subiram de forma galopante. O salário mínimo no sul da cidade de Shenzhen está agora nos 336 dólares mensais – mais que o dobro de alguns países do Sudeste Asiático.

Atingidas pela reestruturação da indústria, algumas das grandes marcas de vestuário chinesas têm sentido dificuldades para conseguir lucro e garantir financiamento. A título de exemplo, as receitas têm vindo a cair na Fuguiniao, especialista em calçado e moda masculina sediada na província de Fujian. A empresa registou um prejuízo líquido de 10 milhões de yuans (aproximadamente 1,5 milhões de dólares) no primeiro semestre do ano passado e já acumulou dívidas de pelo menos 3 bilhões de yuans (aproximadamente 470 milhões de dólares).

Embora os analistas acreditem que os produtores chineses de têxteis e vestuário enfrentem baixo risco face à guerra comercial entre a China e os EUA, uma vez que, em comparação com outros setores, as exportações para os EUA são residuais, a verdade é que as marcas norte-americanas têm diversificado a sua cadeia de aprovisionamento.

No ano passado, uma pesquisa junto de 34 executivos das principais empresas de moda norte-americanas constatou que, pela primeira vez, o número de marcas norte-americanas que se aprovisionavam na China tinha descido, apesar de o país continuar a ser o principal destino de sourcing para o setor em uma escala global.

“As empresas de moda dos EUA deixaram de colocar todos os ovos no mesmo cesto”, afirmou a associação da indústria da moda norte-americana. Para muitas marcas americanas, um terço dos produtos vem da China, um terço do Vietnã e o restante de outros destinos.

Sheng Lu, professor de estudos de moda e vestuário da Universidade de Delaware, encontrou outro importante fator de mudança no posicionamento da China dentro da indústria – as importações de têxteis de Bangladesh à China, avaliadas em valor, cresceram de 39% em 2005 para 47% em 2015, podendo ser observadas tendências semelhantes nos mercados de Camboja, Vietnã, Malásia e outros países da Ásia. “Um indicador significativo a ser observado é o valor dos produtos produzidos na China dentro das exportações de vestuário de outros países asiáticos para o mundo”, apontou Sheng Lu sobre o novo papel da China como fornecedor dos países exportadores de vestuário.

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