Representantes da indústria têxtil debatem perspectivas do setor na América Latina
Na última terça-feira (12), a Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção) realizou uma transmissão com representantes da indústria têxtil da América do Sul para debater o cenário atual e analisar o futuro do continente pós-pandemia.
Além do presidente da instituição, Fernando Pimentel, participaram Luiz Tendlarz, presidente da Federação das Indústrias Têxteis Argentinas; Juliana Calad, diretora da Câmara de Moda e Têxtil da Colômbia e Diego Daud, presidente da Associação Industrial dos fabricantes Têxteis do Paraguai.
Durante a conversa, os representantes comentaram sobre a situação atual em seus países. Juliana Calad aponta que na Colômbia os casos passam de 11 mil, e o país segue em quarentena. Na Argentina, a situação é similar, e o país está em isolamento desde 19 de março, com exceção dos trabalhadores da saúde.
No Paraguai, segundo Diego Daud, embora a situação tenha sido controlada desde o começo e o país apresente um baixo índice de infectados, o cenário ainda é incerto e afeta a indústria têxtil, que emprega cerca de 200 mil pessoas no país.
Fernando Pimentel comenta sobre as projeções de retorno no Brasil: “empresas esperam caminhar em 30% a 40% de sua produção em junho e, na melhor das hipóteses, chegar a dezembro com 70% de uma produção normal”.
Com isso, os especialistas acreditam que a união dos países Latinos é essencial para fortalecer a região durante a retomada. “Se atuarmos em blocos, temos mais chance de nos recuperarmos”, acredita Luiz. O presidente da Federação das Indústrias Têxteis Argentinas crê que o sistema global que existia antes não deve permanecer. “A produção não pode ficar concentrada em um país. Se não protegermos o que temos, vai desaparecer. Por isso, nosso bloco (latino) tem que se fortalecer e formar uma cadeia interna”, completa.
Os especialistas destacam que, no momento, o maior impulso para o setor têxtil vem da área da saúde, que necessita de equipamentos a paramentações. Já as empresas que redirecionaram sua produção para máscaras conseguem manter parte de sua produção, mas ainda assim Fernando explica que a maioria opera com 20% a 25% de sua capacidade.
Novos mercados
De acordo com dados do IEMI, divulgados em parceria com a Abit, nenhum país latino está entre os 15 maiores exportadores de têxtil e vestuário. Para Juliana, a situação atual pode mudar esse cenário. Com o atraso e problemas enfrentados por países asiáticos na exportação, ela vê uma oportunidade para que o mercado latino cubram esse fornecimento.
Todos ainda concordam que as ferramentas on-line serão essenciais nesse novo momento. Juliana comenta que a Câmara de Moda e Têxtil da Colômbia vai fazer um marketplace nas próximas semanas, e indica que esse método deve se tornar mais usual de agora em diante. Luiz, porém, pondera que os meios físicos, incluindo eventos e feiras, permanecerão: “espero que possamos desfrutar de eventos assim por muito tempo, e nos encontrar e abraçarmos”, conclui otimista.
Sobre a Abit
A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), fundada em
1957, é uma das mais importantes entidades dentre os setores econômicos do
País. Ela representa a força produtiva de 25,2 mil empresas instaladas por todo
o território nacional, empresas de todos os portes que empregam mais de 1,5
milhão de trabalhadores e geram, juntas, um faturamento anual de US$ 48,3
bilhões.