Rosset compra operação brasileira da Triumph

03/07/2014

Dono das marcas Valisere, Valfrance e Cia Marítima, o grupo Rosset comprou 100% da operação brasileira da multinacional de moda íntima Triumph. Segundo o empresário Ivo Rosset, a aquisição aumentará a competitividade da companhia no Brasil, onde os concorrentes chineses avançaram nos últimos anos. Com 11 fábricas em São Paulo, a Rosset deve faturar cerca de R$ 700 milhões neste ano, alta de 4,4% em relação ao ano passado, disse Rosset ao ValorPro, serviço de notícias em tempo real do Valor. Esse montante desconsidera as vendas da Triumph no Brasil, que alcançaram R$ 70 milhões em 2013.

Por questões contratuais, o valor da transação não foi informado pelo fundador e atual presidente do conselho de administração do grupo Rosset. A maior parte dos negócios do grupo Rosset se concentra na fabricação de tecidos lisos e rendados, a partir de fios de Lycra, e não em peças acabadas. A Triumph, por sinal, era um cliente de longa data da Rosset no segmento de tecidos. Segundo o empresário, as conversas para a aquisição dos ativos da Triumph no Brasil, que estavam nas mãos da família Spiesshoufer, duraram cerca de seis meses. A compra incluiu as três confecções da Triumph no país, todas localizadas em Nova Friburgo (RJ). A Rosset também ficou com a licença para o uso das marcas Triumph e Sloggi – esta última mais focada no público jovem – no Brasil pelo período de 14 anos.

Fundada na Alemanha, a Triumph tem sede financeira na Suíça e está há mais de 50 anos com operações no Brasil. Globalmente, a multinacional fatura mais de 2,1 bilhões de francos suíços (R$ 5,6 bilhões), segundo Rosset.Tanto a marca Triumph quanto a Sloggi têm preços intermediários no mercado de lingerie do Brasil, com forte penetração no canal multimarcas e, especialmente, nas grandes redes de magazine. Segundo o empresário, este posicionamento complementa o portfólio da Rosset, cuja principal marca, a Valisere, tem perfil mais premium e atua diretamente no varejo por meio de lojas monomarcas.

No segmento de lingerie, a Rosset tem hoje 45 lojas, entre próprias e franquias. Há ainda mais 40 unidades das Cia Marítima, de moda praia. O grupo ainda é dono das marcas Água Doce, Doutex e da estamparia Salete.Segundo Rosset, a confecção de peças acabadas de moda íntima no Brasil, um segmento que fatura cerca de R$ 3,5 bilhões, vem sofrendo com a concorrência com os produtos chineses.

Nos últimos três anos, a importação de lingerie com fios de Lycra no Brasil saltou de 2 milhões de peças ao ano para 50 milhões. O número é bastante alarmante, diz o empresário, já que este segmento movimenta 200 milhões de peças por ano no país – considerando também os produtos apenas em algodão, são 400 milhões de peças. O grupo Rosset, sem considerar a produção da Triumph, fabrica cerca de 12 milhões de peças por ano.

Com a Triumph, a Rosset aumenta sua escala de confecções, dilui despesas fixas, melhora suas margens e, consequentemente, a competitividade de seus produtos, diz Rosset. As duas empresas juntas somam três mil funcionários.
O setor de confecções, que emprega no Brasil cerca de 2 milhões de pessoas, foi bastante beneficiado pela desoneração da folha. No entanto, diz Rosset, a medida ainda não foi suficiente para que a briga com os importados ficasse de igual para igual. “Na China, o governo subsidia as confecções. Não é uma competição leal”.

O empresário acredita que pode haver mais desoneração de impostos ao setor, pois qualquer encolhimento da produção já acarreta demissões. “Por enquanto, temos uma situação de quase pleno emprego no país, mas isso pode mudar”, diz.Em 2012, a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções (Abit), entrou com pedido de salvaguarda para confecções. Agora, o setor pleiteia uma redução e simplificação de impostos federais, por meio uma proposta de regime tributário competitivo para confecção (RTCC). Uma das alternativas, segundo Rosset, seria a desoneração de PIS e Cofins.

Fonte: Valor Econômico 

 

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