Estudo lança foco na poluição gerada por microfibras sintéticas liberadas de peças de vestuário

03/04/2018

Um estudo norueguês fez um balanço preocupante sobre a  poluição gerada por microfibras sintéticas que se libertam do vestuário e  deixou vários recados para produtores e consumidores.

O estudo salienta que é preciso implementar novas políticas e tecnologias para reduzir substancialmente a libertação de microfibras para o meio ambiente. O trabalho confirma que estes materiais, pequenos de plástico que escapam da roupa durante as lavagens, estão passando nos filtros das estações de tratamento e acabam na cadeia alimentar. Entre 20% e 35% de todos os microplásticos que poluem o ambiente marinho têm origem em vestuário feito de matérias-primas sintéticas.

O instituto norueguês SIFO, de estudos virados para os direitos do consumidor, divulgou este relatório, no qual uma equipe de investigadores descrevem o impacto dos diferentes materiais e métodos de lavagem no meio ambiente.

Deste modo, as recomendações dos especialistas passam por investir em roupa de melhor qualidade, que aparentemente, larga menos fibras, por lavagens menos frequentes e em ciclos mais suaves e por aumentar o número de peças obtidas a partir de fibras naturais no guarda-roupa.

Os efeitos desta poluição microscópica incluem a ingestão de materiais tóxicos por parte da vida aquática em oceanos, agua potável e habitats costeiros. Outro trabalho, financiado pela Australian Wool Innovation (AWI) e pela Cotton Research and Development Corporation (CRDC), chegou à conclusão que a escala do problema só começa agora a ser exposta.

“Precisamos de estratégias para garantir a procura, mas sem consumo excessivo e evitando danos desnecessários ao meio ambiente, bem como riscos para a saúde humana”, refere o estudo.

Os investigadores também querem que este problema tenha cabimento nas ferramentas que avaliam a sustentabilidade dos produtos, o que não acontece atualmente. Iniciativas apoiadas pelas marcas poderão ajudar, adiantam os responsáveis pelo estudo.

A americana Patagonia está já a dar informação aos consumidores, sobre a melhor forma de conservar as peças, para que não percam microfibras e para que estes materiais não acabem no oceano.

A promoção da chamada slow fashion, que dura mais, é outra das prioridades. Este vestuário conta com uma maior proporção de fibras naturais, que se degradam no meio ambiente de forma inofensiva.